Estudo do Banco Mundial aponta: crise do emprego durará nove anos

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A crise econômica que foi estabelecida como efeito da pandemia da covid-19 estão afetando e continuará afetando os trabalhadores de forma distintas e um estudo do Banco Mundial divulgado hoje mostra que os efeitos no emprego e os salários podem perdurar até nove anos. As conclusões estão no relatório “Emprego em Crise: Trajetória para Melhores Empregos na América Latina Pós-Covid-19”.
No país com quase 15 milhões desempregados, alguns trabalhadores se recuperaram da perda involuntária do emprego e de outros choques em seus meios de subsistência, outros terão a sua vida profissional permanente marcada pela crise instalada pela pandemia.
Os que mais sofrem nessa crise são os trabalhadores menos qualificados, sem ensino superior.
“No Brasil e no Equador, embora os trabalhadores com ensino superior não sofram os impactos de uma crise em termos salariais e sofram apenas impactos de curta duração em matéria de emprego, os efeitos sobre o emprego e os salários do trabalhador médio ainda perduram nove após o início da crise.”
Além de apontar a dificuldade de trabalhadores ingressarem no mercado de trabalho no pós-pandemia, soluções são apresentadas, como a reformulação do seguro-desemprego e ter um programa para inclusão dos informais no mercado de trabalho.
Matteo Morgandi, economista sênior do Banco Mundial, fala que o seguro-desemprego no Brasil tem um custo muito elevado e uma duração curta quando comparado aos benefícios similares de outras economias.
“O Brasil conta com seguro-desemprego bem estabelecido, mas está fora de padrões internacionais, com parcelas mais altas e duração mais curta. Tem também um custo fiscal que poderia ser menor”, descreve.
O Banco Mundial compara os valores entre o seguro-desemprego e o Bolsa Família, que para a entidade é um programa bem sucedido.
O governo gasta R$ 40,9 bilhões com o seguro-desemprego por ano e no Bolsa Família tem um orçamento de R$ 34,1 bilhões este ano.
Para Morgandi, o país precisa coordenar melhor a política de seguro-desemprego com a do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Em países com as melhores práticas, primeiro se paga o fundo de garantia e, depois, o seguro-desemprego. Isso pode diminuir a rotatividade no mercado de trabalho”.
Trabalhadores informais
Após a reforma trabalhista, que completou quatro anos, e com a crise econômica que já se arrastava no Brasil e que endureceu com a pandemia, milhares de trabalhadores foram empurrados para a informalidade que é o que mais preocupa o Banco Mundial e recomenda ao governo brasileiro a ampliação de políticas de transferência de renda e de inclusão do trabalhador informal no mercado de trabalho.
“A ampliação dos programas de transferência voltados para as necessidades das famílias – e não se o emprego perdido era formal ou informal – pode ter uma função estabilizadora complementar e fundamental para apoiar a demanda local”, diz o Banco Mundial.
A economista sênior do Banco Mundial Joana Silva destaca a importância das políticas de emprego. “Não só políticas de assistência social, mas de qualificação e de ajuda à procura de emprego. É muito importante para que ele [trabalhador menos qualificado] possa voltar ao trabalho.”
com informações do G1 e Valor